CINEMA NA LOUSÃ - UM POUCO DE HISTÓRIA

Foto atual do Cine-teatro da Lousã.
O Cineteatro da Lousã vai fazer no próximo dia 4 de Outubro, 65 anos de existência. A sua frontaria foi recentemente pintada de cor de rosa o que lhe dá uma aparência um tanto…como direi… talvez um pouco “feminina”.

Na tela daquela sala foram projetados muitos filmes cor de rosa, mas na minha memória dos tempos em que a frequentava, nos finais das décadas de 60 e início de 70, estão mais vivas as cenas de pancadaria e tiroteio dos filmes de western, que nessa altura ainda estavam num período áureo, sobretudo os “western spaghetti,” assim chamados por serem produzidos por italianos e que eram rodados na zona de Almeria, em Espanha.

Nessa época ainda as cadeiras eram de “sumo pau”, mas isso não impedia que fosse uma sala com boas condições para se desfrutarem de uns bons momentos de entretenimento e também de cultura, pois ali não passavam só fitas de cow-boys, não senhor! Aliás, o primeiro filme a que ali assisti era um clássico do cinema: “As Sandálias do Pescador”. Essa foi a minha primeira ida ao cinema e constituiu uma verdadeira aventura de que já falei no blog.

Nessa altura também ali se realizavam bailes e outros espetáculos, como aqueles programas de variedades realizados pela Casa do Gaiato, que deixaram muitas saudades.

As paredes do átrio do edifício, à entrada da sala de projeção, estavam fotografias de grandes atores como Richard Burton, Clark Gable e divas como Lana Turner ou Elizabeth Taylor. Também havia cartazes anunciando as fitas que iriam ser apresentadas em espetáculos futuros. Existia ali um verdadeiro ambiente de sétima arte!

Eram realizadas sessões às quintas-feiras, aos sábados e domingos à noite e também uma matiné ao domingo, às três da tarde. Naquele tempo a televisão já fazia alguma concorrência ao cinema, mas ainda muito ténue; as emissões eram a preto e branco e estavam longe de poder competir com toda a luminosidade, esplendor e magia da tela gigante do cinema. Por esse motivo afluía ali muito público, que vibrava com as cenas mais intensas das películas e às vezes demonstrava o seu entusiasmo muito ruidosamente.

Foto do antigo teatro.
Mas, o teatro e cinema na Lousã têm uma longa história, que vai muito além dos 65 anos de vida do Cine-teatro atual. Essa história atravessa várias gerações e o seu início remonta mesmo ao século XIX, com a construção do primitivo Cine-teatro, cuja inauguração ocorreu em 1863.

Em 1859 juntaram-se alguns elementos preponderantes da Lousã para construírem por subscrição uma casa que servisse de Teatro. Levantou-se com efeito um edifício simples e abarracado, mas considerado, ao tempo, suficiente e razoável, em terreno pouco distante do fundo da vila, num olival cedido pela família Magalhães Mexia. Foi construído com materiais baratos e ligeiros; tinha o seu palco, plateia, camarotes e galeria geral, tudo mais ou menos pintado a cal, predominando o azul e o branco. Tinha apenas duas portas, uma janela e vários postigos, mas, para a época, satisfez plenamente e assim funcionou por muitos anos proporcionando belas noites ao público lousanense. Foi inaugurado nada menos que com o Frei Luiz de Sousa, de Garret, e representado por amadores pertencentes às principais famílias da terra.

Teve esta casa de espetáculos, durante os seus 90 anos de funcionamento, as naturais fases de decadência e prosperidade, de entusiasmo e abandono; mas ligam-se a ela saudosas recordações, que já são tradições respeitáveis e do domínio da história.

O jornal “Commercio da Louzã” nº 16, de 24 de Julho de 1909, anunciava desta forma a realização de um espetáculo no velho Cineteatro:

Há hoje no theatro d’esta villa uma recita por o Grupo Landeau.
Lá iremos, se calhar.

O mesmo jornal no seu número 31, de 11 de Dezembro do mesmo ano escrevia que:

A direcção do nosso theatro acaba de fazer acquisição dum novo gazometro, do modelo mais aperfeiçoado, para assim nos fornecer em noites de espectaculo a luz necessária a estes actos.
Aproveitamos a ocasião de lhe recomendar a necessidade de nomear para o tratamento do novo gazometro pessoa competente, e que tome a responsabilidade de qualquer ocorrência que seja occasionada por menos cuidado, pois que sendo 2:500 reis a remoneração, por cada noite de espectáculo, achamos o sufficiente para todo o serviço e alimentação da luz, procedendo o mesmo empregado no fim do espectáculo á limpeza do mesmo gazometro de forma a prolongar a sua conservação.
De contrario, terá a duração de todas as coisas que não são pagas, exclusivamente, do nosso bolso.
Ahi fica o aviso.

Cartaz anunciando a exibição do filme "Bocage".
No dia 1 de Junho de 1937, o Cine-teatro lousanense exibia o filme Bocage, de Leitão de Barros, que era apresentado como o maior e o mais caro filme português de sempre. Os preços dos bilhetes, nesta altura eram para a Geral de 2$50, metade do preço estipulado para as cadeiras e camarotes.

Mas, por esta altura, exibiam-se também filmes fora das paredes do antigo Cine-teatro e a empresa que o geria publicitava “Tempos Modernos” com Charlie Chaplin (Charlot) que passaria ao ar livre na cerca do Hospital de S. João na sexta-feira, dia 9 de Julho de 1937, às 21.30 horas.

Porém, já anteriormente, em 1929, na sua edição de 1 de Maio o jornal, “Alma Nova” considerava urgente a construção de um novo teatro:

Damos jubilosamente aos nossos leitores a boa noticia de que o nosso Cine-teatro vae exibir durante este mez escolhidas e interessantíssimas fitas da poderosa Metro Goldwin Mayer, cujo renome dispensa reclame.
A Lousan tem, pelo seu marcante desenvolvimento, incontestável direito a possuir uma casa de espectáculos, condigna não só dos seus habitantes e forasteiros, mas também das próprias companhias teatraes que possam vir aqui exibir-se. O actual edifício destinado a estas diversões, acanhado, inestético e desconfortável, é uma vergonha para nós!

Em Fevereiro de 1931, o “Alma Nova” dava conta da actuação de Ilda Stichini, trazida pelo empresário João Serra a um “modesto e desconjuntado teatro” que representava “uma lamentável vergonha para a Lousã”.

No entanto o “modesto e desconjuntado teatro” que representava “uma lamentável vergonha para a Lousã”, não fora, noutros tempos, tão desconjuntado e vergonhoso. O edifício tinha a sua história, rica de mais de meio século, tendo sofrido transformações várias e proporcionado aos lousanenses milhares de horas de entretenimento.

Em 10 de Maio de 1933, o mesmo jornal, afirmava convictamente:

VAMOS CONSTRUIR UM TEATRO!

A Lousã vae ser dotada com mais um melhoramento que há muito se vinha reclamando como urgente.
O teatro da Lousã, um teatro simples mas amplo, com carácter popular, sem exageradas complicações de camarotes, mas com logares cómodos para toda a gente e com uma geral, para creanças, a preços reduzidos, vae ser um facto dentro em breves meses.
A Alma Nova apela para todos os lousanenses de boa vontade, afim de que cada um contribua, na medida das suas forças, para a realisação deste útil melhoramento.
Façamos todos o sacrifício que pudermos pelo novo TEATRO DA LOUSÃ.

A 1ª página do jornal "Alma Nova", de 3 de Fevereiro de 1934,
 anunciava o início da construção do novo teatro.

Entre esta afirmação peremptória do jornal “Alma Nova” e a inauguração do novo Cine-teatro decorreram 14 longos anos. Pelo meio muitas cenas de bastidores, muitas dificuldades, muitas lutas…

Em Junho de 1934, era constituída uma sociedade comercial com o nome de “Empreza Teatro Club da Louzã, Lda”, com o capital social de 100.450$00 e que tinha como principal objectivo a construção e exploração de um Cine-teatro tendo anexo um café restaurante.

As obras foram iniciadas e o “Alma Nova” de 8 de Dezembro de 1934 noticiava que:

Estão já em andamento os trabalhos da empreitada de construção de paredes etc, do Teatro Club da Lousã, de harmonia com o projecto superiormente aprovado pela Inspecção Geral dos Teatros e com a licença concedida pelo nosso Município”.
O nosso amigo e activo mestre de obras sr. Joaquim Seco está a pôr na execução da obra o melhor empenho de dotar a Lousã com um bom edifício para o seu Teatro Club.

 “A GRANDE DESILUSÃO”

Em 1935, aconteceu a “Grande Desilusão”. As novas do andamento dos trabalhos de edificação do Teatro Club eclipsaram-se, correspondendo à paragem das mesmas. O “Alma Nova” não quereria dar o braço a torcer, render o sonho à evidência da asfixia financeira da empresa que decidira meter ombros à difícil tarefa.

Entretanto, um grupo de rapazes da terra resolveu tomar em mãos a exploração do velho teatro. Com fins exclusivamente de beneficência foram exibidos filmes e espectáculos de qualidade.

Cartaz do filme "Carga da Brigada Ligeira".
No entanto, em Outubro de 1938, a propósito da futura exibição de “A Carga da Brigada Ligeira”, o jornal “Povo da Louzã” (nesta altura já o jornal republicano “Alma Nova” tinha suspendido a sua publicação), queixava-se da fraca afluência de público ao cinema:

Este filme é exibido no nosso Teatro no dia 26. Tem como principais protagonistas Errol Flynn  e Olívia de Havilland.
É um filme lindíssimo de grande cartaz que a Empresa de Cine-Teatro Lousanense conseguiu trazer até nós demonstrando, mais uma vez, uma grande vontade de agradar, de fazer com que o público ganhe entusiasmo pelo cinema.
De verdade não se compreende que, numa terra tão progressiva como a Lousã, haja tão pouco público nas sessões de cinema ou de Teatro.
A Empresa faz um grande esforço para trazer até nós filmes como a "Carga da Brigada Ligeira”. É preciso portanto, ir ao cinema.

Passados quase dez anos sobre “A Grande Desilusão” eis que o “Povo da Louzã” inaugurava o ano de 1945 com boas novas: o comerciante António Augusto Matos estava interessado em construir um teatro de grandes e arrojadas proporções. O comerciante já obtivera o apoio da autarquia, chegava a hora que tardava, a hora de ser construído o “Teatro da geração nova”.

Em 2 de Outubro de 1945 foi constituída a sociedade Progresso da Lousã, Limitada, com um capital social de mil contos. Para esta sociedade entrou a antiga empresa do Teatro-Club da Louzã com as obras, materiais e terrenos já adquiridos, além de uma quantia em dinheiro.

Esta empresa adquiriu assim todos os direitos que à Empresa do Teatro-Club da Louzã pertenciam, no que diz respeito à construção do cinema.

Entretanto, pelo teatro velho as coisas iam de mal a pior. Degradadas as instalações, as fitas de uma maneira geral estavam em muito mau estado partindo consecutivamente e, por vezes, as sessões marcadas para uma determinada hora, só tinham o seu início duas horas depois. Se porventura existisse uma interrupção ou um motivo imprevisto que impossibilitasse o prosseguimento do filme, não havia qualquer atenção para com os espectadores, chamando-se a Guarda Nacional Republicana para manter a ordem.

Este edifício (teatro velho) acabou por ser encerrado em meados de 1947, por questões de segurança.

Entretanto, em Abril de 1946, as obras do novo Cine-teatro são adjudicadas ao construtor civil de Lisboa, Joaquim Almeida, importando em 650 contos, no que dizia respeito a construção civil. O contrato estabelecido previa o limite máximo de um ano para a conclusão da obra.

Finalmente chegou o grande dia! 4 de Outubro de 1947


O jornal “Povo da Louzã, noticiava desta forma o grande acontecimento:

É hoje inaugurado oficialmente o novo Cine-Teatro Louzanense, que ficará atestando o espírito empreendedor e bairrista de quantos a tal melhoramento meteram ombros.


"QUO VADIZ", que passava pela Lousã em 1954, era o filme que custara milhões "para empolgar multidões". Esta obra colossal foi interpretada por: 29 artistas principais, 110 artistas secundários e 30.000 figurantes. Foram utilizados 52.400 jardas de tecido; 15.000 pares de sandálias; 4.000 armaduras; 12.000 artigos de joalharia; 500 objectos de escultura; 150 cenários diferentes; 63 leões; 450 cavalos, entre os quais 50 brancos; 85 pombas brancas; 7 toiros de Portugal; 5 juntas de bois; 2 leopardos, etc, etc. Há no filme um total de 150.000 acessórios variados e mais de 10.000 desenhos foram necessários para a construção dos cenários". Em "QUO VADIZ" descobríamos que os colossos também tinham gradação de genuinidade: "o espetáculo mais genuinamente colossal de todos os tempos!"

Em 1955 a gerência passou a exploração do Cineteatro às “Produções Aníbal Contreiras” e o edifício passou a chamar-se “Cine-teatro Império”. Posteriormente teve como administrações “Filmes Castelo Lopes” e “Lusomundo”.

Joselito, um sucesso do cinema e televisão dos anos 50 e 60.
A voz melodiosa  do menino espanhol encantava multidões.
 Este filme foi exibido na Lousã em 15 de Julho de 1958.



O Cine-teatro Império manteve-se em funcionamento até 1987, altura em que a História mandou que se repetisse o “filme” de meados de 1947, com o teatro velho: foi encerrado por questões de segurança. A Câmara Municipal decidiu-se pela aquisição do edifício, processo moroso que culminou em Dezembro de 1989.

O edifício foi remodelado e passou a funcionar regularmente a partir de 1 de Maio de 1992.

Mas, os 65 anos de História do Cineteatro da Lousã, que exibiu milhares de filmes e de outros espetáculos, não se podem resumir num artigo de blog e muito menos em meia dúzia de linhas, como se depreende de algumas palavras do prefácio do livro “Do Teatro Club ao Cineteatro da Lousã”:

As paredes do Cineteatro da Lousã não lembram aos menos avisados que aquele edifício tem uma história prenhe de mil estórias que merecem ser contadas.

Cinquenta anos de vida (65), milhares de horas com sabor a beijos, cheiro a pólvora, écran bendito que nos deste Ingrid Bergman, Bogart, Fritz Lang, António Silva, Coppola, Beatriz Costa, Spielberg, Branca de Neve, Vasco Santana. Sabor a risos, lágrimas também, dramalhões e kung-fus, muitos filmes portugueses, filmes de qualidade, se calhar nem todos, os filmes de que a gente gosta.

Aquele edifício que ali, no centro da vila da Lousã, se mantém altivo, guarda atrás das suas paredes cor de rosa uma História composta de muitas páginas, que é recordada com saudade por todos os que a ela estão ligados e que por ela viveram momentos de muitas e diversas emoções.


Não podia terminar este artigo sem fazer referência ao livro, sem o qual tal artigo não seria possível:

"Do Teatro Club ao Cine Teatro da Lousã". Este livro, da autoria de Dinis Manuel Alves, com edição da Câmara Municipal da Lousã e que faz parte do Projeto "Lousã em Datas", teria como foco principal o período (1933 - 1947) que envolveu todo o processo bastante difícil e moroso da construção do atual Cineteatro da Lousã. No entanto, na minha modesta opinião, ele vai muito para além disso, pois aborda factos incontornáveis da História da Lousã, sem se desligar do tema, pois acaba por fazer sempre a sua interligação com a história do cinema.

Para além do livro o autor tem também um site que complementa algo que, porventura, possa ter ficado de fora no livro. O "NIMAS", tem entrada gratuita, e nele encontram-se velhas emoções que muitos julgariam estar esquecidas. Para as viver de novo basta deixar a imaginação voar.





5 comentários:

  1. Olá amigo, que texto cheio de detalhes, adorei!
    Voce sabe que adoro cinema, já falei que moro próximo a um grande 'shopping center' e que aqui tem 14 salas de cinema, né?
    É claro, cinemas modernos, e até 4D tem!!
    Coisa de louco ... mas a beleza singela do prédio cor de rosa é adorável!
    Lembro que minha mãe contava do tempo em que era mocinha e ainda solteira, ela morava em um cinema porque meu avô era zelador do prédio... acho que meu gosto por cinema esta no DNA. :D

    Gostei muito dos detalhes José Alexandre, como sempre , o maior capricho!
    Uma ótima semana e beijinho.

    tin

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá querida amiga,
      Já conhecia o seu gosto pelo cinema, eu também gosto muito, mas a Cintia é mesmo uma priveligiada... viver junto a 14 salas de cinema deve ser fantástico. Certamente tem sempre uma grande variedade de filmes para ver.
      Mas vou-lhe confessar uma coisa: não trocava o meu "cineminha", nem por todo esse "shopping center". Sabe como é, nós ligamo-nos às coisas da infância e juventude e depois não as trocamos por nada. Aquele "pequeno" cinema tem uma história grande e faz parte do meu imaginário dos tempos dos sonhos cor de rosa... das ilusões e da juventude perdida.
      Beijinhos e uma semana feliz também para si.

      Eliminar
    2. Sei exatamente o que diz ... mesmo indo ao cinema duas ou três vezes por semana (sim, eu faço isso =P ) eu me lembro perfeitamente do cinema antigo do bairro, aquele um que hoje em dia ali nem é mais cinema, o prédio virou o cartório do bairro mas, que tenho algumas lembranças ... principalmente coisas como o cheiro de doces do balcão de guloseimas ao lado da sala de projeção, do tapete vermelho e das cortinas pesadas de veludo, do teto alto com grande lustre no centro e do primeiro filme que fui sozinha assistir (sem pai nem mãe) fui ver com a turma, E.T o Extraterrestre !
      Bons tempos aqueles :)

      beijinhos e ótima semana!

      Eliminar
  2. No dia 4 de outubro de 1947, com a exibição do filme "Camões", lá estava eu, com toda a emoção das gentes da Lousã, na inauguração do Cineteatro local!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá senhor Joaquim! Obrigado pelo comentário.
      Uma vez que assistiu à inauguração do Cineteatro, não seria possível fazer uma descrição mais ou menos pormenorizada sobre a forma como decorreu a estreia do filme "Camões" e sobre a inauguração... se estava muita gente, o que é que as pessoas comentavam sobre o filme e sobre a sala, quanto é que custava o bilhete, etc, etc,... tudo o que quiser e se lembrar.
      Se quiser fazer essa descrição, podia colocar nos comentários ou então enviar para o meu email: joalexhenriques@gmail.com, que eu depois agregava ao post. Acho que seria importante para os leitores desta página.
      Agradeço desde já a sua atenção.
      José Alexandre Henriques

      Eliminar